quinta-feira, 11 de outubro de 2012

A amiga do Pepe Rápido

Meanwhile in my university...
Há que enaltecer outro indivíduo, que  tomei a liberdade de o denominar  de “cabelo armado”, maioritariamente devido á sua aparecia física, no que concerne há que se encontra do pescoço para cima. 
A sua distribuição capilar, na verdade, é aquilo que sobressai, ou melhor, ofusca,  quando olhamos pela primeira vez para ela.
Não devemos, porém confundir o volume da sua “peruca” com tamanho cerebral da mesma.
Sendo o seu habitat natural a esplanada da escola, é possível ouvi-la a cerca de 10 metros do local, quando estamos a caminhar calmamente em busca da próxima sala de aula, pelo corredor do primeiro andar.
Isto torna-se ligeiramente incómodo, uma vez que, para além da poluição sonora causada, esta também é responsável por muitas rachas no tecto do bar, uma vez que as suas paredes não aguentam os decibéis elevados da sua voz ou a violência do “baque baque” dos tacões contra o betão do chão.
Quando ouvi pela primeira vez o seu riso, pensei que esta se tinha engasgado com a côdea da torrada que estava a ingerir, e por conseguinte se encontrava de momento a falecer de uma forma dolorosa.
Infelizmente, estava só a expressar a sua jubilação exacerbada  por mais uma piada pornográfica a fugir para o grotesco.
Considero que a “cabelo armado”, como escolhi denomina-la, é uma pessoa que para as outras é uma otite. De facto, só de pensar nela fico com o tímpano rouco.
A única substância favorável a extrair desta situação é o facto de já não ser necessário chamar o exterminador para expulsar as baratas do bar,  elas saem pelas suas próprias patas. 
Algumas mais infelizes nem chegam a ter a mesma sorte,  falecendo com um ataque anafilático despoletado, não só pela poluição sonora que se faz sentir, mas também pela toxicidade do seu perfume, ainda antes de chegarem ao fim do estrado de madeira.
Agora falemos da sua vitalidade sexual,  com menos experiência que uma lontra recém nascida, gaba-se de posições obscenas e fetiches vibratórios, que no seu íntimo deseja intensamente.
Não sei se o desespero de alto nível a vai levar a algum lado, mas que se esforça, não há dúvida alguma.
Se continuar a este ritmo, talvez, daqui a uns quatro anos consiga dar uma trancadinha sem ter de a pagar e daqui a dois anos se amochar o cabelo.
A avaliar pelos seus hábitos sociais rotineiros, isto ocorrerá na sala de convívio, provavelmente em cima de uma poltrona que já tenha o seu “fantástico” rabo marcado devido à sua elevada permanência no local.
Utilizando como ferramenta de comunicação social o “facebook”, esta promove diariamente a sua imagem e corpo “divinamente” esculpido, através de fotos e comentários badalhocos, mas de uma imensidão poética inimaginável, maioritariamente na conta da sua amiga “pepe rápido”, isto devido ao facto de também não ter mais amigos.
A cabelo armado, assim como a “pepe rápido”, é o tipo de pessoa que tira fotos de cima para baixo, com o telemóvel de maneira a que se possa ver o decote.
Ela quer que se veja com muita clareza que se trata de mamas, consideravelmente simpáticas... mas atenção! não quer que haja tarados a pedir em amizade. Ela encontra-se a tirar a foto desta forma para dizer ao mundo que tem uma densidade poética muito bonita, o mundo é que as entende com a braguilha.
Porém, esta é uma pessoa com uma imaginação fértil, e no auge de uma epifania intelectual, chega mesmo a tirar fotos do pescoço para baixo que expressam claramente, passo a citar,  “ olá comunidade cibernética, eu a nível de cara pareço um motor de um trator, mas no que concerne às mamas estou aqui muito bem fornecida. Portanto se tiverem um saco do lixo preto para me taparem o focinho, até podemos ter uma amizade interessante.
Uma vez que é detentora de um corpo que considera, na sua consciência distorcida,  ideal, gosta de dar conselhos de exercícios a quem não precisa. É também interessante a sua tendência para se vangloriar do seu desempenho no ginásio,  para centralizar em si, as atenções
Porém, há que relembrar que estes dois seres são apenas uma amostra ilustrativa de uma realidade triste que se vive, não só na minha universidade, como no país inteiro. Bem, e se me atrevo a dizer, no mundo.


Ivana Fuckalot
Diva Gina Berta

domingo, 7 de outubro de 2012

Estou com o Sabre


"Estou com o sabre"! 
E quando estou com o sabre, significa que tenho um sabre imaginário que gosto de utilizar para decapitar as criaturas que tenham o azar de sair à rua e cometerem um pequeno deslize no dia em que me encontro com o dito cujo. Pode ser algo insignificante, algo que a criatura nem se aperceba que o faz, e que provavelmente o restante mundo à sua volta também não, mas basta a besta abrir a boca, que o telintar das suas cordas vocais ja me mete mais asco que uma osga albina a boiar na sopa.

É então que sacudo o meu sabre de samurai, e com um movimento limpo consigo despachar uma fila inteira de cabeças, o que me deixa extremamente aliviada. Até chegar à conclusão que não tenho sabre nenhum e a criatura volta a abrir a boca e dar o ar de sua graça...

Estes episódios ocorrem normalmente todos os dias da semana em que tenho de tirar o rabo da cama antes das 7 da manhã para me deparar com os episódios grotescos que aparecem neste mundo, e claro na altura em que a evax entra em cena, que é altura mais crítica, mas nesses dias levo sempre um canivete na mala, pelo sim pelo não, pode fazer falta...


Drama Drama Drama

Diva Gina Berta

Pepe Rápido vai à escola (e a seguir ao Guimarães)



Desde muito pequena que os meus pais me tem vindo a incutir valores e me ensinado o que é ou não aceitável em sociedade. Há dias porém, em que eu questiono o que terá ocorrido ao resto dos pais das pessoas da minha idade.
Provavelmente, a maior parte desistiram e os mais audazes faleceram após lhes ter rebentado o nervo ocular devido ao esforço e stress extremo a que foram submetidos.
De quando em vez, lá oiço alguém proferir um comentário impróprio, fazer algo politicamente incorreto em sociedade ou portar-se, mesmo, como se vivesse num cabaret gigante em que as outras pessoas são concorrentes que poderiam roubar-lhes a gorjeta.  Isto se não fossem eliminados rapidamente.
Só me falta entrar no bar e deparar-me com alguém a fazer a dança do varão em cima do balcão, pendurar-se de cabeça para baixo e realizar o pagamento com as mamas a baterem nos queixos. A julgar pela quantidade de gente que dispensa a roupa interior, há que ter cuidado, que uma mama desgovernada ainda pode fazer muitos estragos, ainda vazam uma vista a alguém...
Porém, na minha ingenuidade, ainda costumava encarar a nossa geração como uma geração de alguma maneira superior aos adolescentes de hoje em dia. Tivemos acesso a cultura, livros e filmes intemporais, música com qualidade, porém tudo isso se está aos poucos a perder.
Percebi isso quando, na fila para o almoço, a propósito de uma conversa sobre a minha infância, referi que jogava Pokemón quando era pequena e por vezes, ainda o fazia. A resposta que me deram foi que “parecia um gajo” e que “me devia de preocupar em arranjar um namorado e sair á noite”. Bem, eu tinha um monte de garfos á minha disposição, mas só não espetei um nós olhos da criatura  porque não tinha ferrugem e por conseguinte perdi o interesse.
Um dos locais perfeitos para constatar este facto é a minha universidade. De facto, se eu fosse uma socióloga ou psicóloga que quisesse realizar um estudo sobre a juventude do dias que correm era exatamente para lá que me dirigiria.
Por vezes encaro este local como uma espécie de desfile ao estilo “freak show”. Lá encontra-se um pouco de tudo. É como se tivessem pegado em cada grupo da sociedade, recolhido os seus mais belos espécimes e os tivessem colocado naquele pequeno edifício tristonho de ambiente saturado. Uma espécie de amálgama, ou de vomitado (que me parece uma comparação mais fiel), de pessoas irremediavelmente diferentes, tanto nos pontos de vista como nas maneiras de ser, o que se traduz nos mais bizarros comportamentos.
No meio de um ambiente tão rico em comportamentos dignos de relevo e que clamam por explicação, decidi salientar dois espécimes, de rica casta, que considero merecedores de um estudo mais minucioso.
A primeira, do género feminino, tomei a liberdade de apelidar de “Pepe rápido com calçado Guimarães”, isto porque nenhum nome me pareceu chegar perto de uma mísera descrição aceitável deste ser único.
 No seu passinho a apressado que o distingue de todos os outros, é impossível não perceber quando é que ela se aproxima.
Ainda que possua umas pernas mais curtas que a maioria das pessoas, isso não a impede de fazer aparições, deslocando-se com uma rapidez sobre humana, como se lhe tivessem administrado uma dose elevada de adrenalina ou dopamina, suficiente para um cavalo fazer uma viagem de Lisboa ao cartaxo em cinco minutos.
Por vezes comparo os seus passinhos com os de um Chihuahua raquítico, cujas patinhas minúsculas se deslocam tão depressa que quase provocam a ilusão ótica de o seu tronco estar a flutuar sozinho no ar.
É porém no ato de alimentação que esta se distingue. É impossível reparar em algo para além do que nos movimentos hipnotizantes daquela pequena, mas poderosa, mandíbula, que se abrem e fecham num padrão repetitivo, mas altamente intrigante e complicado, como um género de “mastigação sincronizada”.
Devo referir que os mais audazes já tentaram, em vão reproduzir os intricados movimentos daquela maxila, porém sem resultados satisfatórios, e culminado em muitos maxilares deslocados e pequenas rixas devido à poluição sonora causada.
Esta porém, a cada mastigação, abre a sua boca deixando-nos antever, não só o bolo alimentar em formação, como o seu conteúdo estomacal e o trajeto até ao duodeno, o que constitui uma viajem extremamente educativa em termos anatómicos mas a roçar o grotesco no que toca a maneiras a adotar em sociedade.
Mas não é apenas isto que faz com que o “pepe rápido” sobressaia na multidão, em termos metafóricos, claro.
Esta, para além de todos estes atributos, possui uma capacidade emocional extremamente desenvolvida e exacerbada, semelhante a uma adolescente de 14 anos quando lhe aparece pela primeira vez o período.
Esta inclui-se no género “Emocional-que-tudo-sente”, sentido muitas vezes necessidade de expressar os sentimentos que inundam a sua mente, provocando uma espécie de catástrofe ambiental á escala mundial no seu encéfalo, num blog intitulado “trotes na areia”.
Este blog é um local de reflexão, no qual se encontram poemas demonstrando a sua paixão e sexualidade vincada, dirigida a membros do sexo masculino, entre textos sobre quão belo o mundo seria se fosse povoado por unicórnios e fadinhas cintilantes.
Por vezes questiono-me se o “Pepe rápido” não viverá numa espécie de universo paralelo onde tudo é belo e brilhante, com personalidade dramática e no qual ela mede um metro e oitenta e possui seios pronunciados.
Contudo, a “Pepe rápido com calçado Guimarães” não é o único ser que sobressai, de forma holística, na amálgama sociológica da minha universidade... Continua



Ivana Fuckalot
Colaboração de Diva Gina Berta


sábado, 6 de outubro de 2012

De Quatro

Boa tarde! Estamos de quatro em horário nobre, prontas para embarcar numa viagem de certo modo educativa, por algumas situações, factos e atitudes com que nos deparamos no nosso dia-a-dia que nos causam um certo prurido e uma tristeza imensa por não transportarmos um canivete suíço no bolso de trás  das calças. 
Daqueles com serrilha. 
E corta unhas. 
E tudo o que um canivete suiço apetrecha de forma escarafunchar de forma eficaz os olhos das pessoas que nos provocam dores no céu da boca.